terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Haverá Sangue

There will be Blood
Realizado: Paul Thomas Anderson
Com: Daniel Day Lewis, Paul Dano, Kevin J. O`Connor
Haverá sangue é um filme surpreendente e imperdível. Excelente realização, argumento, elenco… não existem palavras para descrever a brilhante interpretação de Daniel Lewis, neste filme, maravilhosamente escrito.
Começamos com um homem profundamente só, que trabalha numa mina. No início do filme, o silêncio preenche o espaço e vê-se o empenho e esforço daquele homem, durante alguns minutos. É um homem magro e alto, é Daniel Plainview.
Daniel Plainview é um homem, ganancioso e muito inteligente. Tem o dom da palavra, sabe negociar, convencer as pessoas. Depois de um acidente num poço de petróleo, uma criança fica órfã, e Daniel adopta essa criança, percebemos um grande amor por ele, H.B Plainview. Plainview define o seu trabalho "como uma empresa de família", é assim que convence as pessoas. É um homem determinado e que só pode contar com o filho, que ainda pequeno.
Como diz mais para a frente, “ tenho um sangue competidor e não suporto pessoas” e fecha-se assim, no seu mundo, como o único objectivo de conseguir vencer no mundo dos petroleiros. Encontra uma oportunidade de negócio fantástica e não a deixa escapar, compra os terrenos à população e explora essa zona rica em petróleo, prometendo educação, àgua, pão e prosperidade.
Nessa cidade em que passa a viver, existe uma igreja liderada por Elis, um Jovem visivelmente instável, mas também extremamente inteligente, que tenta negociar com Daniel de uma forma muito suspeita para quem se diz santo. Elis encarna o pastor salvador da aldeia, e as pessoas parecem acreditar nele, cedendo a um fanatismo evidente, cegas pela sua capacidade de teatralizar.
Fundamentalmente este filme fala-nos de um homem muito inteligente e ganancioso, com jeito para os negócios e para lidar com as pessoas mas ao mesmo tempo, sem paciência para elas. Um homem que não se deixa enganar e extremamente intuitivo, fechado numa frieza aparente, que nos apaixona.
É impossível não gostar dele, porque no meio de toda aquela ambição, percebemos um homem justo mas sem paciência para lidar com o lado absurdo das pessoas. A religião, a ganância, a mentira e a raiva são os temas mais explorados.
O exemplo dessa frieza justa é quando ele desiste do filho, quando este, ingrato, lhe diz que vai embora para o México para criar a sua própria empresa. É aí que Daniel revela que ele não passa de um bastardo e que com aquela atitude tinha provado que já não era nada a si, passaria a ser apenas competição… Frio? Sim… mas justo. Daniel sempre o amou, porque razão lhe vira o filho as costas?
Outro exemplo é quando negoceia com Elis, e se apercebe da ganância daquele rapaz. Esta parte do filme é extremamente importante, faz-nos reflectir sobre a religião. Sobre os falsos profetas, sobre a arte de negociar. Daniel será novamente frio, certo. Mas deixa de ser justo? Não. Quem é que tem paciência para fanatismos, para armados em espertos? Ninguém...
A história de um homem forte que consegue tudo através do seu próprio esforço, sem poder contar com mais ninguém. É um homem sem amor? Não, ele amou verdadeiramente aquele filho.
Um homem duro, mas que detesta ser chateado...
Um filme fenomenal, como poucos. Definitivamente o melhor de 2008. Corre a alugá-lo.
Por: Olga Pinto
10 em 10

6 comentários:

Unknown disse...

Não lhe dou 10 mas é verdade que é um excelente filme, um dos grandes do ano.

Álvaro Martins disse...

Concordo com o Fifeco.10 é muito excessivo embora seja muito bom mesmo. Mas embora o filme tenha um bom argumento, boa sonoridade e fotografia, o melhor do filme é mesmo a interpretação do Daniel Day Lewis. Como disseste não existem palavras e a prova disso é que ganhou o óscar.

tickets4three disse...

Este filme filme não vos fez lembrar o V de Vendetta? quase confundimos a voz de Lewis com a de Hugo Weaving :D
É um filme excelente, e para filmes excelentes, notas excelentes. 10 !

* stubborn tickets* ^-^

Mr. Blue disse...

Tive agora a "passear" por aqui e quero dar-vos os meus parabéns.

Quanto ao There Will Be Blood, sou da opinião que é um filme Maior. Acho que dar um 10 peca por escasso...
Se Magnólia era um filme brilhante, aqui PTA consegue, noutro registo, ser, no mínimo, igualmente brilhante.

E isso levanta outra questão:
Não falta ali o PT Anderson, na votação para melhor realizador?

Continuem o bom trabalho, passarei a ser cliente :)

Cumprimentos cinéfilos.

Unknown disse...

Qual é a diferença entre a pontuação 9/10 e 10/10? É um grande filme e está tudo dito.

tickets4three disse...

Victor:

Nem mais ;)

Beijinhos