quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Blindness

Ensaio sobre a Cegueira(2008)
Realização:
Fernando Meirelles
Com:Julianne Moore, Mark Ruffalo, Danny Glover
Um filme que admiramos profundamente, primeiro pelo orgulho de ser baseado numa obra de Saramago, depois, porque a técnica de filmagem é perfeita, subtil, repleta de detalhes que nos deliciaram os olhos, e pertubaram o coração. Meirelles, tem o seu estilo próprio, espetacular, tal como haviamos tido a oportunidade de ver em The Constant Gardner.
Apresenta-nos um filme, que nos proporciona cerca de 120 minutos de constante reflexão, em que vamos experienciando sensações diversas, quer seja o medo, o nojo, a perplexidade, impotência e revolta...
O que seria do mundo, se todos nós ficassemos às escuras, perdidos numa cegueira que nasce sem aviso ou razão. Pior, o que poderiamos nós fazer, se tivessemos sido os únicos com a sorte ou o azar de continuarmos a ver, esse mundo em sofrimento, se tivesses de fingir que não vias apenas para poderes estar com a pessoa que amas?
Um amor, note-se, jamais representado em cinema, num filme que contou com interpretações brilhantes, como a de Julienne Moore perfeita e para nós, incomparável.
Este filme, faz-nos ver, o quanto somos frágeis, auto-destrutivos, e impotentes; e o quanto precisamos de líderes com o ângulo de visão certo, para podermos de facto, sobreviver.
Um filme brilhante e imperdível.
9 em 10
Por: Olga Pinto

6 comentários:

Unknown disse...

Achei-o um bom filme, a sua realização é impecável. No entanto tive alguns problemas com ele mas esses problemas resumem-se a uma coisa: a história.
A doença em si, o facto de a personagem que parece ser imune não se oferecer para estudo e a maneira como essa mesma personagem permite que o outro grupo abuse deles quando ela tem uma vantagem táctica tão grande são opções do escritor das quais não gostei.

Unknown disse...

Este filme tem inúmeros pontos positivos. Primeiro, é (como escreveram) baseado num escritor genial (adorei o Memorial do Convento). Depois, a língua portuguesa (ou será brasileira. Com o acordo ortográfico já ninguém sabe :p) prolonga-se até ao brilhante Meirelles que contribui com uma realização muito virtuosa e inventiva.

De facto, não entendo a fria recepção em Cannes ou a fraca apreciação da crítica. É uma pena que um filme tão bom (e tão pesado) não seja visto pelas pessoas que deviam vê-lo.

Bom texto :p

Bjs

Álvaro Martins disse...

Sinceramente...acho o livro ziliões de vezes melhor que o filme. Para quem faz filmes como A Cidade de Deus e o The Constant Gardener, esperava muito mais. Mas o Veit Helmer também fez uma obra-prima e nunca mais fez nada de jeito.

Abraços e Bjs pras meninas

tickets4three disse...

Gui, penso que a mulher daquele médico teve receio de não conseguir matar aqueles anormais, sem sacrificar vidas, e que não se entregou precisamente porque se o fizesse iria ficar afastada do marido. Ele ficaria ali naquele inferno, ela seria levada para estudo e já não o poderia ajudar. O tal amor escravo e incondicional que eu acho que o filme deixou transparecer.

Fifeco ^-^ sim, concordamos que seja um filme pesado em emoções. Realmente incompreendido. c´est la vie.
*tickets crying*

Álvaro, não li este livro de Saramago mas já o vi e folheei hoje no Jumbo de Famacity e vai ser a minha próxima aquisição. Até dia 23 estou de férias, vou aproveitar para ler um pouco. Depois digo-te, mas certamente que será mil vezes melhor que o filme, não se esperaria outra coisa nem poderiamos esperar que Meirelles pretendesse superar a obra.

Beijos ceguetas daqui das tickets

Guilherme Teixeira disse...

"Ele ficaria ali naquele inferno, ela seria levada para estudo e já não o poderia ajudar."
Antes pelo contrário, se ajudasse a ser encontrada uma cura ajudava mais o marido... Não é tanto amor escravo e incondicional, parece me mais um amor egoísta...
Mas são opiniões...

tickets4three disse...

Gui, pois, nós fizemos uma leitura diferente do filme. A cura não existia, achamos que foi como que um ensaio de Deus aos limites de sobrevivência do Homem. Ela poderia não ter a consciência disso mas percebeu que o mundo estava todo cego pelo medo. Isso é evidente quando os dois pedem o kit para o curativo do Ladrão e os dois guardas os ameaçam de morte ou quando vemos que o telefone existe mas não funciona.

Mas o cinema é maravilhoso por isto mesmo, confronto de opiniões e pelas diferentes possibilidades de interpretações. Eu de facto vi ali um amor que eu por exemplo, não suportaria.
:P